TÁ, MAS E A MODA COM ISSO?
- tthaisgregorio
- 23 de set. de 2017
- 3 min de leitura

Como Lipovetsky propõe ela possui efemeridade, atualização, multiplicidade e individualismo. Dessa vez, não estamos falando da internet e sim de moda, que por apresentar características e particularidades semelhantes às da internet, se encaixa perfeitamente no processo da cultura da convergência.
Os blogs de moda foram precursores dos criadores de conteúdo no Brasil e abriram o caminho para outros nichos e especialidades, como lifestyle, viagens, gastronomia e tantos outros que surgiram depois. No início, os blogs eram um hobby de pessoas que queriam compartilhar informações sobre moda e torná-la mais democrática. Entretanto, a cultura da participação e a chegada e evolução das mídias sociais mudaram não só a forma como a moda é retratada, mas também mudou a forma como encaramos a produção de conteúdo.
Com o passar dos anos, as blogueiras conquistaram a relevância e a credibilidade necessária para alcançar e fidelizar um público que tinha acesso à moda somente por meio de revistas, jornais e outros meios de comunicação. A pessoalidade cativou e aproximou o leitor e talvez, de início, nem fosse a intenção, mas era o primeiro passo para a democratização da moda. Há liberdade para tratar o assunto da maneira como quiser e liberdade é essencial já que, por seu caráter social, a forma de se vestir caracteriza o indivíduo. Esse fenômeno mostra que o modelo top-down de comunicação (de cima para baixo), em tempos de conteúdo colaborativo, não é mais tão aceito pelo público.
A visibilidade que os blogs de moda ganharam atraiu não só o público, mas também as marcas que, ao verem o alcance que as blogueiras adquiriam começaram a valorizá-las como veículos de comunicação. E, assim, gradativamente, ocorre a consolidação da profissão “blogueira de moda”. Mais do que uma forma de mídia, os blogs se tornaram empresa e passaram a ocupar as primeiras cadeiras dos principais desfiles de moda mundo afora – publicando as informações sobre os desfiles em tempo real. Além disso, também viraram capas de revista e hoje são estrelas de anúncios publicitários e programas de TV.

As blogueiras ocuparam um lugar que a mídia tradicional deixou em branco – enquanto tentava compreender o digital e qual a melhor forma entrar nesse meio – e não conseguiram mais alcançar essa lacuna. Blogueiras utilizam uma linguagem mais direta, a linguagem do eu, e traduzem aquilo os meios de comunicação tradicionais não conseguem.
Essas meninas, começaram então a ameaçar os veículos de comunicação, já que quanto mais se aproximavam do jornalismo, mais eram criticadas por não apresentarem credibilidade ou ética quando os anúncios começaram, já que jornalistas acreditavam que havia uma mistura entre o que era jornalismo e o que era publicidade.
Entretanto, elas consolidaram a nova profissão e foram reconhecidas pelo capital cultural, social e econômico que adquiriram ao longo dos anos. Não são mais encaradas como jornalismo desqualificado e são vistas como blogueiras que detém credibilidade. Hoje, há espaço para diálogo no mundo da moda, que pode ser tratada por pessoas comuns – e esse ramo não para de crescer, dentro do universo de blogs há cada vez mais nichos.
Os meios de comunicação passam a se unir a elas, pois esse é um caminho irreversível. E isso retoma a convergência proposta por Jenkins, “mídias interagindo de formas cada vez mais complexas”. Hoje são os meios de comunicação tradicionais que utilizam blogueiras para trazer legitimidade.
Todas as imagens presentes neste Projeto são de banco de imagens gratuitos como o Unsplash e o Freepik, ou retiradas dos blogs e redes sociais de figuras públicas, todos devidamente creditados. Os infográficos e ilustrações foram feitos pela designer colaboradora, Flávia Takagaki.
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